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sábado, 14 de julho de 2012

ARTIGO DE DOM DEMÉTRIO




                                     SOB O SIGNO DE BENTO
                                                                                           D. Demétrio Valentini
       A semana que termina foi bem servida de datas simbólicas.
       No início da semana, dia 09, os paulistas recordaram os 80 anos da Revolução Constitucionalista de 1932.  Este episódio contribui para fortalecer a identidade deste Estado, tão diverso na procedência de sua população.
     A mesma data, 09 de julho, abriga a celebração de Santa Paulina, a “Madre Paulina”, primeira santa canonizada que viveu no Brasil Acabou ficando bem esta coincidência de celebrações, até porque a Santa honra o Estado com seu nome e com o testemunho de vida que aqui ela deixou.
     No final da semana, o dia 14 de julho continua evocando os tempos da revolução francesa, episódio maior das grandes transformações políticas ocorridas na Europa nos últimos séculos.
     E no meio da semana, dia 11 de julho, a memória de São Bento, padroeiro da Europa, como o Papa Paulo VI fez questão de estabelecer.
    Pois bem, a soma destas circunstâncias nos convida a pensar na Europa, e a nos perguntar o que está acontecendo com o “velho continente”. Ele passa, sem dúvida, por um momento de crise. Os sintomas são diversos. Mas aquele que logo levanta inquietações, por suas implicações práticas, é a crise econômica, que se manifesta com mais força em alguns países, mas que se tornou preocupação de todos eles.
       Na verdade, a crise da Europa é mais profunda. Suas raízes são de ordem cultural. Depois de tantas transformações sofridas nos últimos séculos, a Europa tem agora dificuldade de se entender a si mesma. Está em busca de uma nova identidade, que não é fácil de emergir, em cima de tantos destroços do passado a absorver, e tantos valores novos a assimilar.
        A “União Européia” é a tentativa mais abrangente de construção de uma nova Europa, que corresponda às aspirações de suas diferentes nações, e à expectativa do mundo, que se habituou a ter na Europa uma referência indispensável para a orquestração da ordem global.
       A dificuldade em assumir uma nova identidade, que corresponda a tantas e tão diversas aspirações, se manifesta na obstinação em não admitir as “raízes cristãs” da cultura européia. Na elaboração da “constituição” destinada a servir de base para a consolidação da União Européia, não se quis admitir estas “raízes cristãs” da Europa.
       Quem vive este drama, de buscar uma nova identidade européia, integradora dos grandes valores que precisariam ser reelaborados, é o atual Papa Bento XVI. Ele poderia ser eleito o europeu número um, dentre todos os habitantes do continente. Nasceu no coração da Europa. Se fôssemos medir o continente com um compasso, sua ponta iria cair na cidade onde nasceu Joseph Ratzinger. E ainda por cima, eleito papa, ele escolheu o nome de Bento, o mesmo nome do Padroeiro da Europa.  Não existe ninguém mais “europeu” do que o Papa Bento XVI.
    Pois bem, Bento XVI e São Bento são os dois personagens que melhor nos ajudam a compreender a Europa. No tempo de São Bento, nas proximidades do ano 500 de nossa era, a Europa estava se esfacelando, com o declínio do império romano. Foi então que apareceu São Bento, fundador dos monges no ocidente. Ele lançou os fundamentos da nova Europa. Soube impregnar de valores cristãos a vida cotidiana das populações, com seu lema prático e eficaz: “ora et labora”, síntese integradora de valores da fé e do trabalho humano, roteiro de vida que iria possibilitar a consolidação da cultura que plasmou a Europa ao longo de séculos.
          Agora esta cultura está em crise profunda. Como nos tempos de São Bento, é preciso refundar a Europa. É o anseio que Bento XVI vem enfatizando com insistência crescente.
         No tempo de São Bento, o esfacelamento do império romano facilitou sua obra de reconstrução da Europa. Para refazer esta façanha, a Europa precisa agora admitir a falência de muitos equívocos que levaram ao impasse atual. E reconhecer que os valores da fé não contradizem, nem prescindem, dos valores de ordem política e social. É uma nova síntese que precisa ser elaborada.  Sem preconceitos e sem ilusões.

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