"Pela
cruz, revestimo-nos de Cristo, ao despojarmo-nos do homem velho."
“A
verdade vos libertará” (Jo 8,32)
Jesus Cristo vai ao
encontro do homem de todas as épocas, também da nossa época, com as mesmas
palavras: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 7, 16). Estas
palavras encerram em si uma exigência fundamental e, ao mesmo tempo, uma
advertência.
A exigência de uma
relação honesta para com a verdade, como condição de uma autêntica liberdade. E
a advertência, além do mais, para que seja evitada qualquer verdade aparente,
toda a liberdade que não aprofunde suficientemente a verdade acerca do homem e
do mundo.
Ainda hoje, dois mil
anos depois, Cristo continua a aparecer-nos como Aquele que traz ao homem a
liberdade baseada na verdade, como Aquele que liberta o homem do que limita,
diminui e como que destrói tal liberdade nas próprias raízes, na alma do homem,
no seu coração e na sua consciência.
Que confirmação
estupenda disto mesmo deram e não cessam de dar os que, graças a Cristo e em
Cristo, alcançaram a verdadeira liberdade e a manifestaram até em condições de
coação exterior!
O próprio Jesus Cristo,
quando compareceu prisioneiro diante do tribunal de Pilatos e por ele foi
interrogado acerca das acusações que Lhe tinham sido feitas pelos
representantes do Sinédrio, não respondeu porventura: “Para isto nasci e para
isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade”? (Jo 18, 37) Com tais
palavras pronunciadas diante do juiz, no momento decisivo, foi como se quisesse
confirmar, uma vez mais, o que já tinha dito anteriormente: “Conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará”.
No decorrer de tantos
séculos e de tantas gerações, a começar pelos tempos dos Apóstolos, não foi
acaso o mesmo Jesus Cristo que tantas vezes compareceu ao lado dos homens
julgados por causa da verdade? E não foi Ele para a morte, talvez, juntamente
com homens condenados por causa da verdade?
Cessa Ele, porventura,
de ser continuamente o porta-voz e advogado do homem que vive “em espírito e
verdade”? (Cf. Jo 4, 23) Do mesmo modo que não cessa de sê-lo diante do Pai,
assim também continua a sê-lo em relação à história do homem. E a Igreja, por
sua vez, apesar de todas as fraquezas que fazem parte da história humana, não
cessa de seguir Aquele que proclamou: “Aproxima-se à hora, ou melhor, já
estamos nela, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
verdade, porque é assim que o Pai quer os seus adoradores. Deus é espírito, e
os que O adoram, em espírito e verdade, é que o devem adorar” (Jo 4, 23 s).
(Papa João Paulo II:Carta Encíclica “O Redentor do
Homem”)